O IMPACTO CULTURAL DE CONCLAVE

O filme ganhou muita notoriedade após o falecimento do Papa Francisco.

Lançado em 2024, “Conclave” retrata a eleição do novo Papa, levando o nome do próprio processo real realizado no Vaticano. Dirigido por Edward Berger — o mesmo de “Nada de Novo no Front”, vencedor do Oscar em 2022 — o filme recebeu 8 indicações ao Oscar 2025, incluindo a de Melhor Filme, a principal da noite. No fim, levou apenas uma estatueta: a de Melhor Roteiro Adaptado, assinada por Peter Straughan.

Sua presença na maior premiação do cinema, estando entre os 10 indicados a Melhor Filme, já trouxe bastante visibilidade. O fato de tratar do catolicismo e envolver uma conspiração durante a escolha do novo Papa também ajudou a alimentar o interesse. E, surpreendentemente, mesmo tocando em temas tão sensíveis, o filme não gerou grandes polêmicas — ao contrário de outros concorrentes ao Oscar. Pode-se dizer que essa ausência de controvérsias acabou fortalecendo sua fama e o carinho do público.

Na última semana, mais especificamente na quarta-feira, 16 de abril, Conclave finalmente chegou ao streaming. O Prime Video foi escolhido como a “casa” oficial do filme, e muitos puderam enfim assisti-lo. Isso porque, apesar de seu lançamento nos EUA ter acontecido em 25 de outubro de 2024, ele só chegou ao Brasil no dia 23 de janeiro de 2025 — e em poucos cinemas.

E então, na segunda-feira seguinte, 21 de abril, veio a notícia fatídica: o falecimento do Papa Francisco, o então líder da Igreja Católica. Naturalmente, isso significa que um novo conclave vai acontecer — e um novo Papa será escolhido. Mas agora há um elemento diferente: o filme de mesmo nome. Ele permitiu que muitas pessoas entendessem o que é o conclave, como funciona e por que é tão importante. Tanto católicos quanto pessoas que não têm ligação com a religião puderam ter contato com esse universo.

O interesse cresceu de forma impressionante. Na internet, vi threads no X (antigo Twitter) e carrosséis no Instagram explicando quem são os principais candidatos ao papado e suas ideologias. E o mais interessante: boa parte desse público nem é católica e talvez nunca tivesse buscado essas informações se o filme não existisse.

Mais uma vez, o impacto cultural do cinema se mostra forte e real. A coincidência entre o lançamento no streaming e a morte do Papa foi uma ironia do destino que gerou não só maior conscientização pública, como também alavancou os números do próprio filme. Desde sua estreia no Prime Video, ele se tornou o filme mais assistido da história da plataforma no Brasil. Nos EUA, registrou 18,3 milhões de minutos assistidos no dia 22 de abril — contra 6,9 milhões no dia anterior. É um salto gigantesco, que mostra o quanto o interesse aumentou após o acontecimento.

No Letterboxd, “Conclave” voltou ao topo entre os filmes mais populares da semana, superando lançamentos como “Mickey 17”, “Tempo de Guerra” e “Operação Vingança”.

Mesmo quem ainda não havia visto o filme acabou se interessando após a morte do Papa, querendo entender melhor como funciona o processo de escolha do novo líder da Igreja. Isso é um exemplo claro — e ótimo — da força que o cinema pode ter na sociedade. E que bom que agora mais pessoas têm acesso a um filme excelente como esse.

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