MISSÃO: IMPOSSÍVEL – O ACERTO FINAL | REVIEW

Homenagem sem clima de despedida

Missão: Impossível sempre foi uma franquia muito consistente. Ao longo dos anos, só cresceu — em narrativa e em qualidade. Conforme a tecnologia avançava e permitia novas e mais impressionantes acrobacias, a adrenalina também aumentava. E nem sempre “mais” é “melhor”, mas aqui foi. Por isso, acabou se tornando minha franquia de filmes de ação favorita.

Com a promessa de ser o último filme, apesar de sabermos que Hollywood não resiste a um comeback, eu esperava que tocassem mais no lado emocional, que entregassem aquele verdadeiro clima de despedida. A recente segunda (e última) temporada de Andor, por exemplo, fez isso com maestria, confira a crítica aqui.

Mas não foi o que senti neste caso. Sim, o filme é uma bela homenagem à franquia, e nisso ele acerta. Há, inclusive, um flash forward no início com imagens dos filmes anteriores, e personagens do passado retornam com peso real na narrativa. É lindo de ver, nostálgico até. Mas, como disse: funciona como homenagem. A emoção de ser o último capítulo, o encerramento da jornada de Ethan Hunt e da IMF, essa emoção não está ali. O que vemos é mais um episódio, com cara de continuação batendo à porta.

O vilão da vez, a IA Entidade, não é tão presente quanto no filme anterior. Se lá ela chega a ter presença física, aparecendo na festa, aqui ela é mais etérea. Fica no campo das ideias. Tudo o que ela faz é muito dito, mas pouco mostrado. Em comparação ao filme anterior, que soube explorar melhor isso, aqui vejo como um ponto negativo. Esse filme seria originalmente a parte 2 do anterior, mas a ligação entre eles não está tão bem amarrada, mesmo com a mesma equipe por trás.

Mas já falei o bastante sobre os elefantes na sala, hora de destacar o que o filme tem de melhor.
Missão: Impossível sempre foi exemplar ao unir ação com propósito. Cada loucura feita pelo protagonista e sua equipe é bem justificada, tem uma razão plausível dentro da história, e — nem preciso dizer — sempre é magistralmente executada. Situações inesperadas, agoniantes, de tirar o fôlego: esse é o ouro da franquia. E aqui, não é diferente. As sequências são grandiosas em peso narrativo e técnico, e te deixam na ponta da cadeira como poucas conseguem. Não são só cenas de ação, são passagens necessárias dentro da missão.

O time de personagens também segue cativante. Tom Cruise dispensa apresentações, carismático e hipnotizante em tela. Além dos veteranos que já carregamos no coração, a nova equipe também conquista, cada um com sua personalidade e história. E não só a equipe de Hunt: personagens que cruzam seu caminho e membros do alto escalão do governo formam um elenco de peso, bem dirigido e com química em cena. Que prazer é vê-los juntos!

E o filme ainda propõe debates interessantes sobre manipulação da verdade, paranoia, e o poder concentrado nas mãos de poucas nações (em uma mais do que todas). Há aqueles que desejam romper a ordem e a paz, e há os que estão dispostos a protegê-las. Como diz o juramento da IMF:
“Vivemos e morremos nas sombras, por aqueles que amamos e por aqueles que nunca conhecemos.”

É um deleite, um prazer imenso ter acompanhado essa saga por todos esses anos. E, mesmo que não tenha parecido uma despedida, assistir ao suposto último capítulo com uma boa dose de adrenalina — ao som da clássica e marcante trilha sonora — foi especial. Tenho certeza de que só de mencionar ela, já começou a tocar na sua cabeça.

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