MARVEL ZUMBIS | REVIEW

Um lado brutal e sangrento da Marvel

A partir do universo alternativo apresentado no quinto episódio da primeira temporada de What If…?, a Marvel apresenta a série Marvel Zumbis. Em apenas quatro episódios de meia hora, a produção expande uma ideia que já era curiosa e dá espaço para uma abordagem mais ousada do que o normal dentro do estúdio. É curto, direto ao ponto, e acaba sendo uma experiência divertida, ainda que irregular.

O maior acerto da série é abraçar o elemento essencial desse tipo de história: a violência gráfica. A animação permite que a equipe seja criativa ao máximo, mostrando cenas que jamais seriam possíveis em live-action. A mistura entre zumbis e superpoderes abre um leque infinito de possibilidades, e a série não se intimida em explorar — em sua maior parte.

O centro da trama é Kamala Khan, a Ms. Marvel, escolha surpreendente e bem-vinda. Em vez de cair no óbvio e usar sempre os mesmos heróis, a produção aposta no carisma de Kamala (e da atriz Iman Vellani, que volta para dublar a personagem). Ela é o fio condutor da história, mas infelizmente seus poderes não recebem o destaque merecido. Kamala brilha pelo coração, mas não pela ação.

Outros protagonistas escolhidos para dividir a cena são Shang-Chi, Yelena Belova, Guardião Vermelho e uma versão que mistura Blade e o Cavaleiro da Lua. O que todos eles têm em comum? Foram apresentados depois de Vingadores: Ultimato. E isso reforça um ponto importante: o problema da nova saga da Marvel nunca foram os personagens em si, mas sim a falta de conexão entre suas histórias. Aqui, juntos, eles funcionam e mostram que têm material de sobra para segurar uma narrativa.

Ainda assim, os criadores não se esqueceram dos grandes nomes. Hulk, Pantera Negra, Thor e Homem-Aranha aparecem em momentos-chave, e cada um contribui para manter nossa atenção. A dinâmica entre veteranos e novatos é um dos pontos mais divertidos da série, criando cenas que equilibram humor, tensão e um certo senso de nostalgia. Isso que mal foi explorado nos filmes e séries live-action da Saga do Infinito até o momento.

Herdando o espírito de What If…?, a série traz como grande antagonista Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate. Elizabeth Olsen retorna para dublar a personagem, e sua entrega ajuda a consolidar Wanda como uma vilã verdadeiramente assustadora. Sempre que aparece, ela rouba a cena, funcionando como uma força imparável que domina a narrativa.

A ação é outro ponto de destaque. Apesar do estilo animado herdado da série base, aqui ela ganha brutalidade e inventividade. Vai além do sangue em excesso: o uso dos poderes, tanto dos heróis quanto dos zumbis, é criativo e rende momentos impactantes. Ver combinações improváveis de habilidades sendo usadas em um cenário apocalíptico é um bom tipo de ousadia.

Por outro lado, a trama sofre com um foco narrativo disperso. A cada episódio, o ritmo muda, e a sensação é de que a história não tem um centro totalmente definido. Isso atrapalha um pouco a coesão da série. Ainda assim, ela nunca deixa de ser envolvente e consegue passar sua mensagem de esperança em meio ao caos, principalmente quando filtrada pela perspectiva otimista de Kamala.

Marvel Zumbis é uma expansão divertida e sangrenta. Traz Kamala Khan como coração da narrativa, Wanda como vilã implacável e momentos de ação que vão além do esperado para uma produção da Marvel. Sofre com uma trama espalhada e com a limitação do formato curto, mas ainda assim entrega uma experiência diferente, intensa e cheia de personalidade. No fim, fica bem claro a possibilidade que esse universo pode ter. Então, espero uma segunda temporada, pincipalmente com aquele final que lembra muito Wandavision.

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