Mudança simbólica no estilo da franquia

Depois do desastre de história e recepção que foi Jurassic World: Domínio, a Universal Pictures retoma três anos depois a clássica e icônica franquia em um recomeço literal e simbólico. Jurassic World: Recomeço chega para mudar o estilo da franquia ao mesmo tempo que lida bem com a escala grandiosa desses filmes.
A mudança começo com a alteração do estilo da direção criativa do projeto. Ao colocar Gareth Evans como diretor, a produção ganha um equilíbrio enorme entre a grandiosidade dos dinossauros com filmagens e cenas pensadas e montadas com muita qualidade. Isso é facilmente notável em tela quando na ação tudo é muito bem executado. Mas ao mesmo tempo, o filme consegue ser infinitamente mais bonito do que os anteriores mais recentes da franquia.

Junto a direção de Evans, o filme acerta muito ao escolher suas filmagens em locação e a ambientação do filme. Ao levar a trama inteira novamente para uma ilha de dinossauros, esse longa consegue criar uma imersão que, a nova trilogia não chegou nem perto de ter com suas narrativas de escalas exageradamente grandes e globais.
Expandindo a mudança do caminho para os filmes Jurassic, o roteiro escolhe alterar completamente o gênero de sua trama. Nos demais, ou o suspense ou a ação estava em foco. Aqui, o foco é quase que inteiro na aventura e na sensação que o filme nos imprime de estar numa ilha lotada de dinossauros que podem ameaçar os personagens a qualquer momento.
Isso é executado muito bem quando a sensação de aventura nunca é esquecida, mesmo quando em surgem cenas de ação para acelerar o ritmo em tela. Mas até nos diálogos, existe um cuidado do roteiro em deixá-los mais rápidos e dinâmicos, servindo ainda mais para o tom aventureiro da narrativa.

Entretanto, acaba sendo inegável que a trama caí em algumas mesmices do gênero. Cito como exemplo, a presença de uma família que, inicialmente, serve e bem para introduzir o perigo dos dinossauros, mas que do meio para frente, eles assumem uma subtrama que é bem chata de acompanhar, principalmente devido a suas personalidades genéricas e chatas.
Outro exemplo é usar personagens que mal aparecem em tela e mal têm falas para morrerem e continuarem mostrando o perigo do local em que os protagonistas estão. Desde o começo do filme, essa atitude fica clara quando tais personagens não têm nenhum porquê de estar no meio da missão.
Ao mesmo tempo, o roteiro devolveu à franquia um aspecto muito intrigante de sua mitologia. Os dinossauros mutantes. Tal diferencial, é muito legal e divertido de ver, uma vez que essas criaturas possuem visuais mais impactantes e proporcionam cenas de ação e suspense de maior impacto. Mas também é inegável a falta de aproveitamento dessas mutações. Senti bem que eles quiseram guardar alguns aspectos dessa área para um possível próximo filme.

Scarlett Johansson assume o protagonismo em um papel bastante genérico, mas que serve bem ao mudar o direcionamento da franquia com uma primeira mulher como personagem principal. Eu gosto muito do Jonathan Bailey e de seu personagem aqui, ele consegue trazer muito bem os olhares de admiração a ambientação da ilha e aos dinossauros. Mahershala Ali, apesar de estar bem presente, tem seu personagem prejudicado pelo roteiro que o definiu somente como o direcionador da trama. Rupert Friend executa um vilão super genérico que prejudica parte do ato final da trama.
Jurassic World: Recomeço em nenhum momento, para mim, esse filme nos buscou intrigar por sua trama, mas sim divertir por conta de sua nova abordagem como aventura. Apesar de algumas mesmices do gênero e um não total aproveitamento da mitologia de dinossauros mutantes, conseguiu me entreter na medida do possível.