LILO & STITCH | REVIEW

Ohana e fofura com menos fantasia

Lilo & Stitch, mesmo sendo uma animação considerada recente, foi mais um alvo da Disney em seu plano de remakes em live-action com o objetivo de ganhar novos fãs — e dinheiro. Dessa forma, esse filme poderia ser afetado pelo “mais do mesmo”, sendo apenas uma cópia do original, mas é interessante notar que, mesmo sendo tão recente, é um dos que mais apresenta mudanças em todos os aspectos do longa.

Começando pelo principal, é inegável que Stitch tem menos tempo de tela. Isso é um grande problema, principalmente porque ele é perfeitamente executado quando aparece. O trabalho gráfico no personagem é verdadeiramente impecável, junto ao estilo caótico que o longa consegue preservar. Entretanto, sua ausência em muitos momentos — mesmo com a duração maior em relação à animação — é sentida.

Ao mesmo tempo, a jovem Maia Kealoha dá uma aula de fofura e carisma como Lilo. A atriz conseguiu abraçar o estilo narrativo e fazer uma entrega perfeita dentro do que o roteiro pede. Contrastando com a dupla do título, os demais integrantes do elenco se mostram destoantes, negativamente, por uma junção entre a falta de substância do roteiro e a falta de carisma dos coadjuvantes em comparação aos protagonistas. A abordagem dos alienígenas interpretados por Billy Magnussen e Zach Galifianakis é um exemplo disso. Optaram por algo diferente da animação, mas o resultado soa exagerado e tira a alma fantasiosa que esses personagens poderiam carregar, apelando para um lado cômico forçado.

Em seu início, o filme abraça o lado fantasioso e espacial da história, mas isso logo é deixado de lado em favor de uma mudança brusca no foco narrativo. A escolha de excluir personagens desse núcleo (presentes no original) tem seu lado negativo, mas foi feita para dar mais espaço ao drama familiar que, desde a animação, se mostra muito presente na trajetória de Lilo e sua irmã mais velha, Nani. Felizmente, esse aspecto é muito bem trabalhado, com cenas cheias de carinho e uma mensagem importante para o público-alvo, minimizando a falta dos elementos mais fantasiosos.

Contudo, o filme comete um deslize importante. Em momentos emocionais, estende cenas e diálogos de maneira que parece implorar por lágrimas do espectador. No original, esse sentimento surgia de forma mais natural; já no remake, em algumas sequências, a intenção dos realizadores se mostra excessivamente explícita.

Um dos maiores acertos do remake é manter o forte drama familiar que já era central na animação original. A relação entre Lilo e Nani continua sendo o coração pulsante da narrativa. As duas protagonizam momentos de carinho, tensão e cumplicidade que refletem, com muita sensibilidade, os desafios de crescer em um lar marcado pela perda e pelas responsabilidades precoces. Quando Stitch entra, o vínculo entre os três se transforma em algo ainda mais tocante. E assim, o remake brilha ao preservar a essência da mensagem: “ohana significa família”.

O interessante — e aqui vai uma curiosidade — é que a Disney não planejava lançar esse filme nos cinemas. Inicialmente, ele seria um original do Disney+, assim como Peter Pan & Wendy e Pinóquio. No entanto, a popularidade da animação e o potencial monetário da figura do Stitch fizeram com que os planos fossem alterados. Isso fica evidente quando, em algumas cenas de regravação, nota-se que a jovem atriz que interpreta Lilo já cresceu visivelmente.

Lilo & Stitch, de 2025, consegue ser um remake live-action mediano entre os produzidos pela Disney. Isso se deve ao fato de manter muito do coração do original, mas não saber — ou não conseguir — equilibrar a parte mais fantasiosa do longa com o espectro dramático e familiar. Novamente, o que o filme mantém da animação é muito bem transportado para o novo formato, mas o que foi deixado de lado faz falta, mesmo que as adições sejam interessantes. É um ataque de fofura e caos, que nos cativa pela explosão de carisma da dupla protagonista em tela.

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