OUTRO PEQUENO FAVOR | REVIEW

O caos com charme italiano

Sete anos após o surpreendente sucesso de Um Pequeno Favor, Paul Feig retorna com Outro Pequeno Favor, uma continuação que, embora não tenha o frescor do original, entrega um espetáculo visual elegante, performances afiadíssimas e uma dose peculiar de comédia e mistério, no estilo que o longa anterior se destacou. Uma pena que todos esses elementos sejam limitados pela Amazon para ser um filme de streaming que, muitas vezes, se segura para não explorar melhor o potencial de loucura que a narrativa poderia explorar.

A sequência começa de forma lenta, levando tempo para reencontrar seu ritmo e estabelecer as vidas dos personagens e a nova trama, agora ambientada na Itália. No entanto, essa demora inicial é compensada por uma ambientação deslumbrante. Feig captura o charme e a tensão italiana, inclusiva flertando com o subgênero de máfia, que adiciona um tempero que casa bem com o humor ácido e desconfortável da narrativa.

Anna Kendrick e Blake Lively voltam a interpretar Stephanie e Emily com a mesma química afiada do primeiro filme. Enquanto Kendrick mantém sua persona atrapalhada, mas agora com uma maior confiança, é Lively quem brilha intensamente. Sua performance é magnética, exalando mistério, sarcasmo e controle absoluto de cena. Isso é elevado quando, em seu encaminhamento final, o roteiro a deixa explorar camadas ainda mais estranhas ao envolver uma nova personagem para a atriz. Henry Golding retorna brevemente, mas sua participação, embora pequena, é funcional e bem posicionada dentro da história.

A trama abandona parcialmente a tensão do mistério para se desenvolver com uma comédia incômoda. Essa escolha frusta um pouco pela falta do mistério que envolveu o anterior, mas funciona dentro da proposta de subverter expectativas, algo que Feig usa muito em sua história.

No fim das contas, Outro Pequeno Favor não causa o mesmo impacto e surpresa que seu antecessor, mas se sustenta como uma sequência respeitosa e estilosa, com muito charme e uma grande presença de suas protagonistas. É uma continuação que prefere brincar com os excessos do gênero ao invés de seguir a fórmula do original. E em seu desfecho, é bem claro que a produção tentou apontar para uma possível franquia de máfia. Espero que algo saia disso, porque Blake Lively se mostrou com uma capacidade imensa de comandar um filme com um carisma estranho.

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