20 anos do anúncio da produção que nunca viu a luz do dia

No dia 23 de abril de 2005, vinte anos atrás, o criador da franquia Star Wars, George Lucas, fez uma aparição surpresa durante a Celebration III, convenção de fãs da franquia, para fazer um dos maiores anúncios da história do entretenimento.
Lucas anunciou uma série de televisão live-action, com o título provisório de “Star Wars: Underworld”, que se passaria entre os filmes “Episódio III: A Vingança dos Sith” e “Episódio IV: Uma Nova Esperança”. Entretanto, o que seria o maior sonho para os milhões de fãs da franquia na época, nunca foi concretizado.
A proposta de Star Wars: Underworld era ousada: uma série com tons mais sombrios e maduros, mergulhando nas entranhas do submundo da galáxia muito, muito distante. Segundo o próprio criador, a produção teria um tom mais político e dramático, explorando as complexas relações entre criminosos, caçadores de recompensas, agentes do Império e cidadãos comuns tentando sobreviver em um universo dominado pelo medo e pela opressão. Era o Star Wars das ruas, dos becos escuros de Coruscant, onde o Império não era apenas uma ameaça distante, mas uma força opressora presente em cada esquina.

Entre 2005 e 2010, mais de 50 roteiros foram escritos, com a colaboração de roteiristas renomados como Ronald D. Moore (“Battlestar Galactica”), Tony McNamara (“Pobres Criaturas”), e outros veteranos da ficção científica e do drama televisivo. Além dos episódios iniciais já escritos, o planejamento ultrapassava a marca de 300 episódios. O problema, porém, era o custo.
Lucas chegou a declarar que os roteiros estavam prontos para filmagem, mas que a tecnologia da época não permitia produzir uma série com a mesma qualidade visual dos filmes, sem um orçamento exorbitante. O custo estimado por episódio ultrapassava os 5 milhões de dólares, o que tornava a série inviável para qualquer emissora na época.
Informações sobre a trama de “Star Wars: Underworld” são escassas, mas sabe-se que abordaria temas como o surgimento da Aliança Rebelde, o crime organizado de Jabba, a relação entre o Imperador Palpatine e segredos Sith, manipulação midiática e uso de propaganda pelo Império e falhas morais dos cidadãos comuns. Além dessas, a mais polêmica era um plano que envolvia uma volta no tempo para impedir o nascimento de Anakin Skywalker, que no futuro se tornou Darth Vader.

Em 2012, a Lucasfilm foi adquirida pela Disney, e a produção foi arquivada. No entanto, os conceitos e roteiros da série influenciaram profundamente o futuro da saga. Muitas ideias da produção não feita foram reutilizadas em projetos posteriores como no filme Rogue One (2016), e nas séries “Andor”, “The Mandalorian” e “O Livro de Boba Fett”.

Obviamente, não podemos compartilhar, mas… em 2020, cenas de testes da série foram vazadas, revelando visuais inimagináveis para época, com um uso inovador de CGI e cenários digitais. Posteriormente, descobriu-se que essas tecnologias foram precursoras para a StageCraft, tecnologia do “volume” desenvolvida pela Industrial Light & Magic, da Lucasfilm.

Vinte anos depois, “Star Wars: Underworld” permanece com um dos maiores “e se…” da história do entretenimento. Alguns fãs ainda sonham com a produção, ou ao menos, a publicação dos roteiros escritos. Enquanto isso, ela vive como uma lenda. Assim como a galáxia muito, muito distante.