THE OLD GUARD 2 | REVIEW

Muito tempo para muito pouco

Cinco anos depois do lançamento do primeiro filme, a Netflix finalmente retorna com The Old Guard 2. O original fazia parte da tentativa do streaming de criar sua própria franquia de ação, funcionando com carisma, cenas de luta eficientes e uma mitologia instigante. Agora, depois de uma sequência que passou por troca de direção, dois anos engavetada e refilmagens, o resultado é uma enorme decepção.

O primeiro filme me pegou de cara. A ideia de guerreiros imortais cruzando séculos, lidando com traumas, memórias e dilemas enquanto enfrentam ameaças modernas, tinha muito potencial. E ele era bem explorado, principalmente ao ligar essas figuras a um mundo corporativo com ideais próprios. Dava para ver que havia uma mitologia rica a ser desenvolvida dali pra frente.

Mas o que fazem aqui? Pegam todo esse potencial e jogam fora. O roteiro decide ir pelo caminho mais batido e simples possível: outra imortal aparece e quer matar os imortais. E é isso. Literalmente o filme inteiro gira em torno somente disso. Esquecem qualquer desenvolvimento sobre o que é viver eternamente, sobre o impacto dessas figuras na história da humanidade e sobre como é ser mortal. Tudo vira uma desculpa para uma trama genérica sem peso algum.

A maior frustração é saber que, com um universo tão vasto, cheio de possibilidades – como mostrar esses personagens no passado distante ou futuro – a sequência escolhe fazer mais do mesmo. E ainda fazer mal.

Narrativamente, o filme tem quase nada a acrescentar. É um “meio de trilogia” assumido, e parece existir só para justificar o próximo. Os conflitos são superficiais, e as relações entre os personagens que restaram do filme anterior são usadas para encher tempo, ficando tudo empacado num ritmo chato, com cenas que não levam a lugar nenhum e um final abrupto que exclama: “nos vemos no terceiro”.

A direção de Victoria Mahoney, que substitui a ótima Gina Prince-Bythewood, é um desastre. As cenas de ação, que deveriam ser o grande trunfo visual, são mal coreografadas, com cortes demais, câmera que não para quieta e uma falta total de impacto. A brutalidade que era tão bem usada no original some. Os personagens são imortais com fator de cura – e isso não ser explorado com mais ousadia é inacreditável.

Charlize Theron, que antes parecia se divertir no papel, aqui está no piloto automático. Dá para sentir que ela só queria terminar logo. E é uma pena, porque ela segurava muito do peso dramático e físico do original. KiKi Layne, Matthias Schoenaerts, Chiwetel Ejiofor, Marwan Kenzari e Luca Marinelli retornam, mas todos são presos em um roteiro fraco, com frases de efeito vergonhosas ou explicativas e nenhuma profundidade.

Entre os novos rostos, Henry Golding e Ngô Thanh Vân são só peças de tabuleiro, e estão lá pra empurrar a trama. Uma Thurman até tenta entregar algo com uma personagem que representa bem essa dualidade do filme: ao mesmo tempo em que fortalece a boa mitologia, também é o centro da trama genérica.

No fim das contas, The Old Guard 2 é um filme ponte. Herda o começo do final do anterior, e não finaliza sua trama. É só um capítulo que não se sustenta sozinho. Com um final em aberto, o terceiro filme parece obrigatório. Mas depois dessa bagunça toda, já imaginou demorar outros cinco anos… ou nem acontecer… Porque do jeito que esse filme foi pensado e feito, não duvido de nada.

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