UNTIL DAWN: NOITE DE TERROR | REVIEW

Isso não é uma adaptação do jogo

O que seria uma adaptação de verdade? Pra mim, é quando você pega uma história original — seja de um livro, jogo, desenho ou o que for — e transporta pra outra mídia (no caso, o cinema), mantendo a essência, mas adaptando os elementos pra que façam sentido ali. O autor pode, inclusive, usar isso pra melhorar aspectos que só percebeu depois da obra pronta.

O problema é que este filme, vergonhosamente chamado de Until Dawn, não é uma adaptação do jogo de mesmo nome. É uma história completamente nova e diferente, com umas referências jogadas de qualquer jeito e alguns elementos mal utilizados só pra fingir que tão falando da mesma coisa.

E olha que eu nem sou de cobrar 100% de fidelidade em adaptação — até porque não é esse o ponto. Se eu quiser a história original, eu volto pra obra original! O problema aqui é que não se trata de uma adaptação ruim. NÃO É UMA ADAPTAÇÃO. É quase ofensivo o jeito como tentam justificar isso. E aí sim, entrando no terreno da comparação: o jogo tem uma história foda. Muito mais simples (sem aquelas baboseiras que desafiam tempo e física), melhor escrita, com situações muito mais interessantes.

O que fizeram aqui foi roubar o nome do jogo e a popularidade dele pra tentar empurrar uma história genérica, ampliando a gama de ameaças — que, inclusive, nem ganham destaque além das que já estavam no jogo. Então, pra que colocar? Pior ainda, editaram o trailer pra parecer que teriam mil ameaças novas e diferentes, mas elas só aparecem num flash forward mal posicionado no meio do filme.

Então sim, o fingimento de adaptação e a cara de pau em tentar mascarar isso me irritaram bastante — especialmente porque sou fã do jogo, joguei e adoro.

Mas tirando isso… não sobra muita coisa boa, não.
O filme até começa interessante, mas se perde rapidinho. Fica chato, arrastado, e ao invés de explorar as possibilidades de uma noite que recomeça, escolhe as mais sem graça possíveis. As relações entre os personagens mal existem, são rasas e pouco convincentes (curioso como o jogo faz isso muito melhor, né?).

Perto do final, o filme já não sabe mais o que quer. Enfia uma passagem de tempo completamente fora de lugar (aquela do flash forward das ameaças), os personagens começam a tirar soluções do nada, sem nem mostrar o raciocínio, e quando chega no clímax… só faz tudo perder ainda mais o sentido. E a cereja do bolo: a canalhice de tentar conectar todas as histórias — jogo e filme — de um jeito tão forçado e ofensivo que eu prefiro acreditar que foi só um easter egg mal colocado.

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