Não julgue o livro pelas polêmicas

Com mais um live-action em “Branca de Neve”, a Disney consegue equilibrar a adaptação da clássica animação com pequenas mudanças que, em sua maioria, acrescentam positivamente à história. O filme, tem em seus primeiros vinte minutos, seus piores momentos, ao buscar um maior aprofundamento bem desnecessário para seus personagens, tornando esse início bastante arrastado.
No entando, assim que a princesa chega à floresta encantada, o filme se transforma. Desde as músicas ao impecável figurino, tudo ganha vida. O que mais me chamou atenção foi o incrível trabalho de design de produção, que cria ambientes belos e memoráveis. A direção de Marc Webb se esconde em visuais compostos pela equipe técnica do filme, que combina fotografia, ambientação, figurino e cores em um visual e estética que saltam aos olhos. Outro acerto m são os momentos musicais, que, mesmo sem buscar serem um grande espetáculo de coreografias e mais, conseguem ser efetivos. Um destaque para “Whistle While You Work”, que nos arranca diversos sorrisos.
Um dos pontos mais fracos da produção, infelizmente, são as atuações. Rachel Zegler, apesar de sua impecável voz, se atrapalha na caricatura da princesa ao atuar por meio de caras e bocas que não transmitem o sentimento que a personagem precisa. Já Gal Gadot, embora continue deslumbrante, entrega uma atuação questionável, no mínimo. Aqui, ela é exigida com números musicais que apenas a atrapalham. O que salva sua personagem é o ótimo figurino que ela tem ao longo de toda a rodagem. O mesmo pode ser dito sobre o clássico vestido da Branca de Neve, transportado para o live-action com primor. Uma boa surpresa no elenco é Andrew Burnap, que interpreta Jonathan com carisma.
Ao transformarem os anões em criaturas mágicas de CGI, o filme, surpreendentemente, acerta em cheio, talvez esse seja seu maior acerto. O trabalho de computação gráfica é impecável, mas o que mais cativa é o carisma e a personalidade de cada um, garantindo que todos tenham seu momento de brilhar. Outro toque especial é o uso dos animais com expressões faciais e reações físicas. A Disney já havia testado esses elementos mais caricatos em “A Pequena Sereia”, mas decidiu não os utilizar nos live-actions de “O Rei Leão”.
Infelizmente, esse filme passa por um grande preconceito criado contra os live-actions da Disney, que é somado às diversas polêmicas que o cercou desde o anúncio das protagonistas. No entanto, com muito coração e competência visual e narrativa, “Branca de Neve” se sustenta como um acerto ao trazer boas adições a história e momentos capazes de arrancar grandes sorriso. Eu consigo levar essas novas versões como um modo de apresentar as histórias para novas gerações, mesmo sendo uma faca de dois gumes que pode atrapalhar. Entretanto, para o público geral é bem importante ir de coração aberto e sem pré-julgamentos, pois assim, é bem possível abraçar a diversão e se imergir na fantasia. Falo isso para a maioria dos live-actions.