Exagerado na medida certa até…

Em Fight or Flight, o cineasta James Madigan usa um combo de elementos diferente para um filme de ação de menor orçamento. Ao misturar humor ácido e um ritmo absolutamente frenético, ele não se preocupa com o filme ser realista, mas consegue nos entregar uma ação que entretém, mesmo com o grande exagero. Mas isso, até certo ponto.
A narrativa nos faz acompanhar um ex-agente da CIA que, em busca de uma nova oportunidade de liberdade, aceita uma missão sem saber seu destino. Ele é colocado em um voo de Bangkok a São Francisco para capturar um hacker misterioso conhecido como O Fantasma. O roteiro teve a decisão clichê – o que não necessariamente é ruim – de encher o ambiente do avião com diversos assassinos, isso é claro, para nos presentear com grandes e caóticas cenas de ação, que a direção de Madigan conduz bem.
O filme usa do recurso de cenas estilizadas para nos imergir na ação em um ambiente só, o avião. Claro, esse cenário de um longa de ação em um veículo em movimento é comum e já temos muitos filmes como exemplos, mas a dinâmica entre o protagonista e uma coadjuvante é o que nos traz um respiro de novidade para a trama.

Mas algo de ruim em relação a essa construção do filme é a qualidade pífia dos sangues em CGI. Se um filme decide não usar efeitos práticos para sangue, definitivamente não pode errar na computação gráfica, uma vez que esse elemento, para um filme violento, é essencial para a experiência proposta. A qualidade dos sangues digitais no ato final é horrenda, e me tirou muita atenção.
Com cortes rápidos e diálogos carregados de brincadeiras quando não temos a ação em tela, o ritmo do filme se torna caótico. Isso poderia ser muito bem utilizado, mas ao chegar o último ato, a equipe técnica decidiu partir para uma bagunça visual e exagero que, infelizmente, extrapolou o que o filme tinha estabelecido anteriormente. Tem pessoas que com certeza ficarão super envolvidas com um final como este, mas não foi o meu caso.
Josh Hartnett, em seu papel de protagonista, consegue nos gerar um bom impacto ao interpretar esse homem sem rumo na vida. O roteiro usa muito o elemento de intoxicação para gerar momentos de comédia com o ator, e ele consegue, com muito sucesso, transmitir o exagero necessário que comanda o longa.

A trama simples é compensada pelo carisma de seu protagonista e a confusão causada ao seu redor. Fight or Flight assume um exagero que, por boa parte, se mostra como o jeito ideal de desenvolvimento do filme, inclusive com uma subtrama de agentes no comando muito clichê, mas, durante o último ato, isso se perde e se transforma em uma bagunça que apela para o impacto visual. Ainda assim, é um entretenimento clássico de ação de menor orçamento que sucede em sua proposta.